Nos últimos anos, as alterações climáticas tornaram-se um tema incontornável de discussão entre entidades nacionais e multinacionais dos setores público e privado. Eles desenvolveram uma retórica coesa para persuadir a sociedade -cada vez mais afetada pelos impactos da crise climática- de que estão agindo de forma decisiva para enfrentar essa situação.
Essa retórica é obscura para aqueles que não estão familiarizados com a linguagem científica ou com o funcionamento interno das negociações internacionais. E é baseado em terminologia técnica que muitas vezes serve para confundir o entendimento do leigo sobre o problema -e, por tanto, sobre a melhor forma de abordá-lo.
Nas negociações climáticas, a abordagem tem sido a de reduzir o problema: do modelo socioeconômico que rege a vida no planeta para uma simples questão de moléculas na atmosfera. Em outras palavras, o foco está nas consequências da crise da civilização e não em suas raízes. Enfrentar a crise climática é uma tarefa complexa, situação onde convergem muitos interesses, dinâmicas, fatores e atores variados. Com essa desculpa, surgiu um léxico hiperespecializado para ofuscar as possibilidades de ação coletiva rumo às transformações urgentes que o momento atual exige.
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