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Cinturão Cultural lança glossário de Justiça Climática e discute pressões na bacia do Tapajós

Evento contará com palestras, debates, shows e arraial junino com feira agroecológica e produtos da floresta.

Na quinta-feira (29), no coração histórico de Santarém, no oeste do Pará, o Theatro Victória abre as portas para o IV Cinturão Cultural do Tapajós – Territórios e Resistência, que vai discutir o impacto de Grandes Poluidores na Amazônia e pressões na bacia do Tapajós e foz do Amazonas, e promover o lançamento e a distribuição de Glossário Ilustrado da Justiça Climática.

O evento que inicia às 15 com inscrição e credenciamento, deve reunir lideranças indígenas e movimentos amazônicos locais e regionais, juristas de povos atingidos por grandes projetos de exploração mineral na América Latina, pesquisadores, jornalistas, artistas, produtores de alimentos e bioprodutos medicinais da floresta.

A programação vai promover reflexão sobre o que está por trás de empreendimentos e projetos de expansão da exploração mineral na Amazônia em plena crise climática. Também haverá show das Karuana e Seresta da Calçada com Gongaza Blantez e convidados. Além de feira agroecológica e de bioprodutos, começando à tarde e se estendendo até o arraial junino.

O evento, que ocorre no dia de São Pedro, é uma parceria do Instituto Sebastião Tapajós com o Nierac/MPPA (Núcleo da Promoção Étnico Racial do Ministério Público do Estado do Pará), Projeto Luz e Ação da Amazônia da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Instituto Cabana do Tapajós, Plataforma Latino-americana pela Justiça Climática e as Karuana.

Na parte da tarde, o evento proporciona palestras e debates. À noite, show cultural seguido de arraial junino para promoção do resgate e uso cultural do centro antigo de Santarém, na praça que guarda até hoje sítio arqueológico tapajônico do período pré-colonial.

Justiça Climática

Em dois anos, o Brasil será sede da Conferência Climática, a COP 30. Para Jackson Fernando Rego Matos, pesquisador da Ufopa, esses eventos são importantes, pois colaboram para articulação e socialização de temas que serão discutidos na COP 30, em 2025, em Belém. “Assim, precisamos estar articulados e fortalecidos para que o povo local, suas populações e comunidades tradicionais, estejam suficientes e organizados para serem protagonistas da própria história. Com o tema Território e Resistência, este dia será fundamental para se ouvir e dialogar sobre os problemas e soluções da Amazônia a partir da própria sociedade civil de base”.

A liderança indígena Vandria Borari, da Associação Kuximawara de Alter do Chão, diz que efetivamente é o povo indígena que preserva a floresta há milhares de anos sem essas falsas soluções.

“O Glossário Ilustrado da Justiça Climática possibilita uma compreensão de forma simplificada sobre as falsas soluções propagadas pelo Norte Global ao Combate às Mudanças Climáticas que são discutidas nos encontros internacionais sobre o Clima. Um exemplo dessas falsas soluções é o Crédito de Carbono que nada mais é do que uma forma de compensação, ou seja, uma empresa destrói um território no Peru, mas está preservando uma área florestal na Amazônia, como se a emissão do dióxido de carbono estivesse sendo neutralizada”, explicou.

A Plataforma Latinoamericana de Justiça Climática traz Nathalie Rengifo, da campanha da América Latina que os Grandes Poluidores Paguem, e Jayro Salazar, advogado de Povos Atingidos por Petroleiras no Equador.

“O sistema de exploração que se impõe em nossos territórios tenta fazer acreditar que não é possível um mundo em harmonia com a natureza, um mundo onde os povos possam viver com dignidade, mas isso é mentira. As resistências territoriais continuam sendo construídas na solidariedade e união entre nações, povos, coletivos e movimentos. Este encontro é uma amostra disso”, disse Nathalie Rengifo.

Programação IV Cinturão Cultural do Tapajós

15h às 16h – Inscrição e Credenciamento

16h às 17h – Mesa de abertura

  • Moderadora: Suzy Cristina Pedroza da Silva, UFAM
  • Lilian Braga, promotora de Justiça no Núcleo de Promoção da Igualdade Étnico-Racial (Nierac), MP-Pará
  • Ediene Pena Ferreira, Pró-Reitoria de Cultura, Comunidade e Extensão – PROCCE/ UFOPA
  • Jackson Fernando Rêgo Matos, Projeto Luz e Ação da Amazônia/ UFOPA
  • Marcos Castro de Lima, Professor do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Amazonas. Vice- Diretor do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais/ IFCHS-UFAM.

17h10 às 18h10 – Plenária sobre Petróleo e Justiça Climática

  • Nathalie Rengifo, Plataforma Latinoamericana pela Justiça Climática, Bolívia
  • ArvoreAgua, lançamento do Glossário Ilustrado da Justiça Climática – edição especial trílingue.
  • Jayro Salazar, União dos Afetados e Afetadas pela Petroleiras Chevron/Texaco, Peru-Equador
  • Instituto Escolhas – estudos sobre impacto do garimpo na Amazônia

18h20 às 19h45 – Roda de Conversa Territórios e Resistência

  • Padre Edilberto Sena, do Movimento Tapajós Vivo
  • Abimael Munduruku, do Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns /CITA
  • Vandria Borari, da Associação Kuximawara – de artistas e artesãs indígenas de Alter do Chão
  • Raquel Tupinambá, Presidente do Conselho Indígena Tupinambá (CITUPI)
  • Instituto Escolhas – estudo sobre segurança alimentar de Santarém e rede de produtores familiares

20h ⎼ 23h Arrail Junino

  • Grupo indígena de mulheres AS KARUANA
  • Seresta da Calçada (Gonzaga Blantez e Convidados)
  • Feira Agroecológica

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